quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O PRESIDENTE FILATELISTA

Em trinta anos dedicados ao jornalismo filatélico, não foram poucas as vezes em que apelei aos pais e professores a incentivarem a filatelia entre seus filhos e alunos. As razões sempre foram as mesmas: o selo postal interage diretamente na formação cultural proporcionando não apenas o ato de reunir peças, mas de se pesquisar a respeito de cada fragmento e, através dele, ampliar conhecimentos preciosos para o futuro. Talvez tenha sido esta a visão que a mãe de Franklin Delano Roosevelt tenha tido quando este chegou aos 7 anos de idade. Foi a partir de sobrecartas procedentes de Hong Kong, correspondências do avô, que ele passou a levar a filatelia tão a sério e manteve o hobie durante toda a sua vida. Nascido em Nova Iorque em 1882, Roosevelt teve esplêndida carreira política, chegando a senador pelo estado de Nova Iorque em 1910 e sendo seu governador no período de 1929 a 1933 quando então chegou à presidência dos Estados Unidos tendo sido reeleito três vezes para o cargo. Sua atuação foi marcante e ao longo dessa empreitada contribuiu muito para importantes mudanças no cenário político interno e externo inclusive, deparando com a Segunda Guerra e tendo, a respeito dela, grande influência junto aos países aliados contra a Alemanha. Mesmo diante dos momentos mais difíceis, Roosevelt não abandonava sua famosa coleção de selos que o acompanha em suas viagens ao exterior e que tinha a missão de desanuviar a mente então carregada com os grandes problemas mundiais.
Existem registros que afirmam inclusive, que em muitas ocasiões Roosevelt deixava de levar muitas peças de roupas em sua bagagem para que seus álbuns pudessem lhe acompanhar. Além disso, outras tantas passagens envolvendo sua vida e a filatelia nos permitiria preencher muitas páginas para enumera-las. Conta-se, no entanto, que um ano depois do ataque de Pearl Harbor, houve uma reunião do Conselho dos Aliados do Pacífico, com a presença do presidente e dos representantes em Washington dos países que estavam em guerra com o Japão. Na discussão Walter Nash, primeiro ministro da Nova Zelândia, sugeriu que as forças aliadas ocupassem certa ilha do Pacífico, que mais tarde seria trampolim para Tóquio. Roosevelt pensou um pouco e disse: “pode ser um bom local, mas a ilha da Mangareva é melhor”. Diante da surpresa de Walter Nash, que não conhecia nada sobre Mangareva disse ainda Roosevelt: “Oh, fica a poucas milhas da Nova Zelândia. Conheço o lugar porque sou colecionador de selos”. Durante suas gestões na presidência dos Estados Unidos, perto de duzentas emissões de selos receberam sua aprovação pessoal, porque recomendara ao diretor geral dos correios, Mr. Farley submeter os projetos à sua aprovação. E dessas emissões, nove tiveram os desenhos baseados em sugestões que fazia, ele mesmo rascunhando o que desejava fosse o selo. O seu interesse pela filatelia era tão grande, que certa vez chegou até a modificar um projeto, como foi o caso do selo comemorativo da Expedição à Antártida do Almirante Byrd. Consertou no selo a rota coberta pelo almirante. Por tudo isto, não foi surpresa à enorme procura pelo selo emitido em homenagem ao centenário de seu nascimento, que foi um recorde de vendas. Desenhado por Clarence Holbert, baseado em fotografia da UPI, quando o presidente, no seu carro, mostrava aos repórteres suas plantações em Hyde Park, no dia 4 de julho de 1937. Poucas são as fotografias que mostram Roosevelt envolvido com a sua coleção de selos, da mesma maneira que, segundo consta, só existem duas fotos que mostram o presidente numa cadeira de rodas, já que contraiu poliomielite aos 39 anos, uma doença que o deixou com grande dificuldade de movimento desde então. Freqüentemente ele utilizava cadeira de rodas, mas fez grandes esforços para esconder esta dificuldade de sua vida do público externo. Mesmo como Presidente dos Estados Unidos, preferia caminhar com a ajuda de um guarda-costas do Serviço Secreto, do que andar de cadeira de rodas. Entretanto, uma estátua de Roosevelt sentado numa cadeira de rodas foi construída em Washington, DC, em 2001. Franklin Delano Roosevel nasceu em 30 de janeiro de 1882 em Nova Iorque e faleceu em 12 de abril de 1945 na Geórgia. Foi o 32º presidente dos Estados Unidos e comandou aquela nação durante 4 mandatos e foi o primeiro e único a conseguir mais de dois mandatos na presidência americana. Também foi o primeiro presidente da América a aparecer na televisão, em 1939, mesmo ela tendo sido inventada com Calvin Coolidge no cargo. Como se observa, o selo postal tem o poder de abrir as portas do conhecimento, aproximar nações, unir os homens e criar, desde cedo, caminhos que podem levar os pequenos filatelistas às posições mais importantes no contexto político-social. Presenteie seus filhos com selos, álbuns, pinças e demais acessórios filatélicos e participe dessa salutar atividade cultural.

Um comentário:

esposito68 disse...

Falar deste artigo ora escrito pelo grande conhecedor filatélico é quase que chover no molhado por que, quem sabe sabe e não espera acontecer. Quero parabenizá-lo e agradecer-lhe a gentileza do envio do material objeto de minha ulterior solicitação.
Muito obrigado e que os eflúvio filatélicos sejam uma constante de sua vida.
Abraços.