Me pego de surpresa diante de uma banca de jornais. Os jornais estampados destacam a violência mundo afora e outras manchetes nos levam a encarar a triste realidade de uma economia que muitos tentam explicar, mas que nós ficamos sempre sem ter, de fato e de direito uma explicação plausível diante do alarmante quadro de aumentos, de baixa produtividade e desemprego que assola muitas famílias.
Ali mesmo decido não dar vazão aos jornais e me deixo levar pelas capas dos gibis que ainda resistem ao tempo, às crises e aos nossos atuais costumes tecnológicos. As revistas em quadrinhos me atiram pelo túnel do tempo e regresso aos tempos de infância, quando ler gibi não era bem visto pelos professores e não foram poucas as ocasiões em que professores nos tomavam os gibis e sabe-se lá que destino eles tiveram.
Só sei que eu li muito gibi e com eles e através deles aprendi muito e principalmente, consegui superar as dificuldades que a maioria tem quando o assunto é redação.
Hoje, passadas tantas décadas, tudo o que os professores desejam é que seus alunos leiam gibi, porque um dia finalmente, se descobriu que o gibi é um forte aliado às causas pedagógicas.
Pois bem; acabei pensando nos autênticos quadrinhos nacionais, que até onde pesquisei nunca foram tantos, pelos menos que tenham ganhado fama, como os quadrinhos do Mauricio de Souza e sua Turma da Mônica ou então, o Menino Maluquinho do Ziraldo. Sem esquecer jamais daquele que é considerado o primeiro gibi brasileiro, Jerônimo – O Herói do Sertão, criação de Moysés Weltman.
Afora isto, a maioria dos gibis que atravessaram essas décadas todas, sempre foram de origem estrangeira, com os mais variados e audaciosos heróis como o Super-Homem, o Batman, o Mandrake, o Fantomas, o Tarzan, o Fantasma e outros tantos mais.
Diz-se que o gênero dos quadrinhos é considerado como a 9ª arte e sempre agradou crianças e adultos, ainda que em nossos dias a procura por eles seja muito pequena. Os celulares, tablets e computadores são mais apreciados e passamos a incorporar em nossa língua um dialeto todo próprio de quem passa dia após dias diante dessas maravilhas do século 21.
Para nossa sorte, assim como no campo da música e da fotografia, muitos apaixonados seguem mantendo vivos os toca discos de vinil e as câmeras que registram imagens em filmes. Não seria diferente com as revistas em quadrinhos, cujo mercado, apesar da desleal concorrência com o mundo virtual, ainda consegue sobreviver com muitas novidades.
Este dia 30 de janeiro é dedicado a homenagear o Dia do Quadrinho Nacional e em muitas capitais, como acontece todos os anos, muitos eventos reúnem os apaixonados por esta arte que ao longo do tempo nos tem feito imaginar e nos divertir através dos traços e cores de talentosos artistas e argumentadores.
Em meio aos gibis, outrora tínhamos também os famosos álbuns de figurinhas, naqueles tempos um tanto educativos e cujas emissões duravam o tempo suficiente para que a gente pudesse completar a coleção. São, ao meu ver, também quadrinhos que inspiraram muita gente a criar motivos fantásticos e a contribuir, ainda que de forma indireta para a época, para com boa parte da educação e conhecimento escolar.
Tivemos no passado as famosas Estampas do Sabonete Eucalol, todas de cunho educativo; as figurinhas das Balas Chico Fumaça e as figurinhas das Balas Zéquinha, estas com circulação aqui no Paraná e parte de Santa Catarina. Do Chico Fumaça, criação de Alceu Chichorro, muita pouca coisa existe e se tornou uma raridade.
Do Zéquinha, criação do desenhista Alberto Thiele, tivemos várias emissões da série distribuída por diferentes empresas, culminando em 1979 com um relançamento durante a Campanha do ICM no Paraná. Com tais personagens, tivemos um pouco mais de aprendizado e a criação de jogos como o “Bafo” e o “Tique”, coisas bem típicas da piazada curitibana.
Como se observa, são todos instrumentos ligados ao universo das coleções e hoje, muita gente vive fuçando os quatro cantos para conseguir gibis antigos, álbuns de figurinhas do passado e as raras figurinhas das balas citadas e das estampas do Eucalol.
No âmbito da filatelia, pelos menos a Turma da Mônica e o Menino Maluquinho já pintaram nos selos postais a exemplo dos personagens da Disney que há décadas aparecem em muitos selos emitidos por diferentes países.
O mundo dos quadrinhos é uma página importante em nosso contexto cultural e na medida em que o tempo avança, é mais do que necessário que a gente não esqueça dessa atividade salutar, divertida e educativa, não sem deixar de citar a importância dos desenhistas e criadores que fizeram e seguem fazendo dessa arte, um trabalho digno do nosso respeito e admiração. Fica aqui, portanto, nossa pequena e justa homenagem a todos os que, ao longo do tempo estiveram envolvidos com os quadrinhos
e que prosseguem, nesta teimosia que dá gosto e da qual a gente torce para que sigam insistindo na maravilhosa arte de levar os leitores pelas mais inusitadas aventuras através de quadrinhos, que são também pequenas e significativas telas que sempre nos proporcionaram a alegria em meio ao mundo que produz suas crises na tentativa de esfacelar os sonhos alheios.
Sigamos sonhando com aventuras coloridas, afinal de contas, sonhar ainda é de graça e faz um bem danado para a alma.
Um comentário:
Bom dia Pedro,exelente postagem e lembrança do dia HQ ,eu tive o previlégio de ler quando criança exemplares da década de 50, onde meu tio tinha uma pilha deles, e onde o entretenimento também ajudava as crianças no treinamento da leitura.Abraço
Postar um comentário