No início do século 20 o futebol começava a conquistar o mundo, ainda que de maneira relativamente lenta. A verdade é que aos poucos, com o surgimento de várias entidades desportivas, os clubes começaram a sentir a necessidade de ampliar torneios e foi assim, em diferentes partes, que o futebol foi crescendo e conquistando o coração dos torcedores.
Havia um homem que certamente olhava para a bola não como um instrumento de competição, que pudesse medir as forças entre equipes apenas. Jules Rimet naqueles tempos já enxergava muito mais longe e assim, pode-se dizer que aquele francês era um visionário e foi assim, que decidiu criar a Copa do Mundo de Futebol cuja primeira edição viria acontecer em 1930 no Uruguai. Para uma competição envolvendo os “escretes” de vários países haveria de ter um grande prêmio e assim, a pedido de Rimet, era criada por Abel Lafleur a taça, então denominada de “Vitória”, que media 35 cm e pesava 3,8kg em ouro com liga de prata que ocupava uma base azul de lápis-lazúli, em formato octogonal apoiado por uma figura alada representando Nique, deusa grega da vitória.
A primeira Copa do Mundo no Uruguai não reuniu um número expressivo de seleções e o país sede conquistou aquela edição e viria repetir a dose vinte anos mais tarde quando de sua realização aqui no Brasil.
A Taça da Vitória viria a ser renomeada em 1946 para homenagear o então Presidente da FIFA, Jules Rimet, nascido em Theuley-les-Lavancourt, em 1873 e que viria falecer em 16 de outubro de 1956.
A Taça Jules Rimet, como ficara conhecida em todo o mundo ganharia páginas na história, páginas de glórias e muitas passagens envoltas em misteriosos crimes de roubo.
Durante o período da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, as edições da Copa do Mundo então programadas, foram suspensas e a taça ficou escondida na casa de um desportista italiano, de nome Otorino Barassi que a colocou numa caixa de sapatos e a deixou embaixo da cama.
Mas existem afirmações de que ele a teria enterrado no quintal de sua casa.
Encerrado o conflito, o mundo jamais seria o mesmo, mas o futebol; este seguiria cada vez mais forte, muito mais técnico, com suas regras cada vez mais sendo definidas e é claro, a Copa do Mundo voltaria à cena, desta vez em terras brasileiras, onde sequer se podia pensar que aqui, um dia se chamaria de “país do futebol”.
Perdemos a Copa de 50 e aquilo abalou o já fanático torcedor brasileiro que iria ver em 54 uma seleção apática lá na Alemanha, mas que em 58 iria sim, comemorar a primeira conquista da Taça Jules Rimet, com o feito se repetindo já na copa seguinte no Chile. Até ali, só o Uruguai era bi-campeão e se conquistasse o terceiro titulo ficaria em definitivo com a taça, conforme fora estabelecido por Rimet que achava que levaria muito tempo para que alguém chegasse a tal feito. Mas não demorou tanto assim e já em 1970, em solo mexicano o Brasil conquistava o tri-campeonato com aquela que até hoje é considerada a melhor seleção de futebol de todos os tempos.
Não se pode esquecer que o gesto de erguer a taça com as duas mãos sobre a cabeça foi feito pela primeira vez pelo capitão Bellini em 1958 e depois outros copiariam o gesto que se tornou praticamente obrigatório em qualquer conquista.
Em 1966 na copa da Inglaterra a taça ficou exposta no Center Hall de Westminster, em Londres, junto com uma exposição filatélica e mesmo diante de uma intensa vigilância, o troféu desapareceu, no dia 20 de março de 1966. O caso ganhou o noticiário internacional e obrigou a Scotland Yard a trabalhar rapidamente para encontrar a taça. Um suspeito foi preso, mas nunca disse ter sido o autor do roubo e muito menos onde estaria o troféu. Foi preciso a ajuda involuntária de um cão, de nome Pickles cujo dono, David Corbette o levara a passear quando descobriu que o cãozinho farejava algo estranho entre os arbustos.
Pickles, o cãozinho que encontrou a taça. |
Era a Taça Jules Rimet que recuperada, naquela edição ficaria lá, em solo inglês.
Após a conquista definitiva da Taça Jules Rimet pelo Brasil, ninguém poderia imaginar que o troféu poderia ser roubado e isto infelizmente aconteceu em 20 de dezembro de 1983 quando se noticiava que o mais importante troféu das conquistas futebolísticas do Brasil havia sido derretido para a venda de seu ouro. Fora com ela toda uma rica e maravilhosa história de verdadeiro culto ao esporte e somente três anos mais tarde é que a Eastman Kodak, através da FIFA, ofereceu à CBF uma réplica com 1,875 quilogramas de ouro e que se encontra hoje no acervo da entidade.
JULES RIMET E A FILATELIA
Não teria sido possível chegar até aqui sem exaltar a história daquele maravilhoso troféu tão cobiçado por futebolistas de todo o mundo e que, através de sua existência, pode proporcionar as mais acirradas disputas e revelar ao mundo os maiores nomes do futebol.
Mas filatelicamente falando, a Taça Jules Rimet e seu idealizador possuem uma gama de emissões de selos e demais peças que, ao longo de 40 anos entraram em circulação para divulgar, exaltar eventos e mostrar conquistas.
Pode-se muito bem abrir um capítulo temático apenas em torno da Taça Jules Rimet, revelando interessantes e curiosas emissões que vão desde selos comemorativos, blocos, folhinhas até chegar a envelopes, todas peças que de maneira geral ganharam uma significativa valorização.
Para quem é apaixonado por futebol e por selos postais, o desafio é grande, tão grande quanto uma seleção superar as eliminatórias, superar as demais seleções classificadas e chegar à final deste que é o maior evento futebolístico do mundo e que dentro em breve estará acontecendo aqui no Brasil.
Para quem estiver a fim de encarar o desafio, lembro que é interessante assinalar um roteiro partindo inicialmente da figura de Jules Rimet, passando pelas emissões que enfatizam a taça e não se esquecendo das peças que fazem alusão às conquistas daquele troféu pelas seleções do Uruguai, Itália, Alemanha, Inglaterra e Brasil.
A viagem é longa, o desafio é salutar e o resultado final, com toda certeza, será uma coleção valiosa, curiosa e sempre muito oportuna.
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