Ao longo da história do homem muitas descobertas o levaram por outros caminhos, sempre na busca do poder, fosse por seus exércitos poderosos ou pela riqueza armazenada. Aconteceu em dado momento a descoberta dos metais nobres, mais precisamente o ouro, que viria em pouco tempo tornar-se “o deus da fortuna” e logicamente, dar o lastro da economia em todos os quadrantes. Quem tinha muito ouro também detinha muito poder e este peso dourado podia mudar os rumos de uma guerra, por exemplo, ou a conquista de uma bela dama entre outras tantas passagens que a imaginação convida a viajar. Foi em função do ouro que os primeiros colonizadores da América adquiriram a chamada “febre do ouro” e assim, adentraram por terras desconhecidas e depararam com povos que ali, já cultuavam aquele metal nobre em nome dos seus outros deuses.Claro que a ambição levou os exploradores a
dizimar com povos ameríndios inteiros e a destruir suas cidades. Dessa maneira, muito da cultura desses povos se perdeu para sempre e o ouro que detinham partiu para outras terras, enriquecendo reis e rainhas e promovendo domínios através de sangrentas batalhas. Na tentativa de enriquecer rapidamente, muitos homens bem que tentaram fabricar o ouro utilizando métodos da chamada alquimia, ciência da Idade Média e da Renascença que procurava, a princípio, descobrir a pedra filosofal e o elixir da vida longa. Para implementar esta busca pela fórmula perfeita, nascia em 4 de fevereiro de 1682 na localidade de Schleiz, Johann Friedrich Böttger que mais tarde se tornaria um prático em farmacologia e que adentraria também pelos caminhos da Alquimia, de onde extraiu métodos que lhe permitiram uma aproximação com a realeza principalmente depois que afirmou ser possuidor da fórmula para fabricar ouro.
Naqueles tempos, em virtude da guerras, os reinos atravessavam crises econômicas violentas e diante de tal possibilidade, qualquer monarca adotaria o então alquimista. Foi o Rei da Prússia, Frederico I o primeiro a carregar consigo o jovem audacioso que, infelizmente, não obteve os resultados esperados e foi assim condenado a masmorra. Esperto no entanto, Böttger conseguiu fugir para a Saxonia, onde o Principe Augusto –o Forte, também o prendeu exigindo em troca de sua liberdade, a produção do ouro salvador. Na verdade, Augusto sonhava em produzir o “ouro branco” que chegava da China e do Japão e acreditava que o jovem alquimista poderia encontrar o segredo da pasta de porcelana , o que veio acontecer em 1709, quando Böttger conseguiu a primeira fornada de porcelana branca bem sucedida. Para esconder o segredo, Augusto instalou a manufatura num local onde ninguém pudesse entrar ou sair sem ser autorizado e onde os empregados trabalhassem e vivessem completamente isolados.
Foi escolhido o castelo de Albrecht, nos arredores de Dresden, na localidade de Meissen tornando tempos depois esta porcelana na primeira porcelana Européia e tão cobiçada quanto a dos chineses, que só chegava aos reinos através da Cia. das Índias e destinava-se exclusivamente à nobreza em razão do elevado preço das peças. Com a descoberta de Böttger, Augusto criou a manufatura “Meissen” e chamou para decorar as peças o famoso artista Christian Friedrich Herold, de Berlim, que ali trabalhou de 1725 até 1778 imitando nas peças apenas motivos chineses, o que proporcionava a venda rápida, os preços elevados e consequentemente, a salvação da economia do reino. O alquimista Johann ganhou sua liberdade e ficou encarregado de dirigir a manufatura criando sua marca inimitável, que são duas espadas azuis idênticas a do brasão da Saxônia e que atualmente, ainda que se façam falsificações, são o ponto crucial para a avaliação e veracidade dessas peças que em alguns casos chegam a valer em torno de
12 mil euros. Como se observa, Böttger conseguiu mesmo fabricar ouro, o “ouro branco” na forma de cobiçadas porcelanas que hoje incorporam os acervos de colecionadores milionários em todas as partes do mundo.Johann Friedrich Böttger faleceu em 13 de março de 1719 e deixou as marcas de sua passagem nestas verdadeiras obras de arte, merecendo inclusive, sua efígie em uma interessante folha filatélica onde aparecem dois selos postais em sua homenagem.
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